Os abajures se acendem, apagam, acendem e tornam a apagar, me deixam tonta em meio a delícia da voz mais linda, da letra mais hipnotizante... Me levam em 20 segundos pra dentro dos meus mais ousados sonhos. Arrepio e olhos cheios de verdade, e eu só sei querer escrever, correr e aproveitar esses momentos de vontade intensa.
Minha garganta tenta cantar, meu ritmo teima em atropelar toda a melodia, o inglês faz a língua tropeçar, e eu me divirto sozinha, porque na intimidade do anonimato me deleito sem poupar os pais, vizinhos e ensurdecendo o anjo da guarda... Mas não faz mal, são algumas dúzias de minutos investidos num prazer gratuito de contemplar um ídolo, sua roupa, seu penteado, seu pianista lindo, suas back vocals... Será que eu acho um defeito? Porque os quilinhos a mais que ela tem me inspiram a caprichar mais na nutella, seus cigarros incessantes me lembram minha avó, suas unhas insanas lhes da um charme só dela...
Fico me perguntando de onde vem tanto talento, da prematuridade de seus 23 anos, de onde vem tanto repertório amoroso, tanta estória pra rechear as letras autobiográficas... Me comparo e chego a conclusão de que ou estive até agora em uma bolha, cuja lista de amores se resume a um fatídico nome, ou eu seria portanto alguma espécie de mutante. Nenhuma tatuagem, o corpo marcado pela Coca Cola gelada, nenhum talento pra brigar, nem em sonho, quando falta a voz do grito e a força no tapa, unhas fracas e muita vontade de rir nos momentos vexatórios, tudo isso compondo meus 1,60m e perfazendo essa vida inteirinha de 24 anos...
Paro por aqui as divagações, antes que elas me devorem madrugada afora, me rendo a dormir, pra então sonhar e começar tudo mais uma vez...
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