sexta-feira, 1 de junho de 2012

Vide o verso



Chantilly e nozes, perfume doce, unhas grandes em tons pastéis, cabelos com luzes bem previsíveis, barriga de fora, batom chamativo, Legião Urbana e Charlie Brown Jr no radinho, filmes de terror, livros pessimistas, comida apimentada, cerveja, tábua de frios, azeitona, política, basquete, truco, cigarro, senso de orientação, desconfiança... Tudo que me falta, de repente, me assombra.
Transplante cerebral ou enfim alguma percepção além do que é estritamente esperado e cultivado? Será que só depende de mim? E a minha parte, tem sido cumprida?
Ai a vida, ela e suas ironias, tapas na cara e quedas de cavalo. Ver-se trocada por uma conversa trivial em meio à chuva de granizo, talvez seja a maior e melhor resposta. Ei, você, não és assim tão importante... Acorda enquanto é cedo, ou tarde.  Vire a esquina e a página, se reconstrói e confia. Acredita.
O mundo cor de rosa é enjoativo, é irreal e cheio de armadilhas, veja com clareza. Não o troque, porém pelo mundo cinzento sem nenhum riachinho de rosas, com trânsito pesado e custo de vida alto. O preço pode se tornar impagável. Saiba que sem Sol você morre em minutos, e eu, eu ainda viverei muito.
Dentro de mim a falta de coragem de ousar no batom provavelmente será perene, o que não se aplica aos cortes de cabelo. O chocolate sempre terá seu lugar de primeiro e último e o perfume mais gostoso continuará a ser o dele. As músicas melancólicas só em algumas faixas, e mesmo assim do Matchbox, eu suplico. As unhas assim que crescerem um pouquinho já vão sim me incomodar... Cerveja só com sal e limão e frios só bem quentinhos e dentro de um pão. Filmes de terror eu hei de nunca assistir, afinal eu sonho depois e acordo assustada, não vale a pena.  Meu esporte vai continuar sendo o que eu assisto com meu pai, cartas só no pôquer, cigarro só nos fatores de risco, orientação talvez quando um GPS cair do céu e desconfiança, a essa às vezes vai tentar se implantar, mas cabe aos ouvidos passar por cima de seus instintos.
Tumulto e viradas de mesa, não, esse nunca foi meu estilo. Não espere aquilo que nunca fez parte das minhas promessas, meu manual é bem claro. Vide o verso, mais cuidado, talvez isso seja o que sobre de mim pra você...
Enquanto devaneios me procuram em meio ao tédio, torço pra que no final seja só mais uma poesia sem rimas, uma tempestade de areia, um barulho que se silencia ao menor sinal de  incômodo.  Sensibilidade é a palavra de ordem. 

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