Rima, métrica, sílabas, acento, sonoridade... mas muito mais
importante que isso, significado. Minha paixão pelas palavras é antiga, me
acompanha desde os tempos mais remotos. Cresci dando atenção à elas, me
encantando pelo poder que elas têm. Uma vez desferidas, feito balas, elas te
alvejam, feito balas, elas adoçam, de uma vez por todas, os seus dias.
Eu gosto de palavras, seja no meu idioma, seja em outros que
fazem minha língua presa travar ainda mais. Por incrível que pareça, gosto de
ignorar algumas delas, pra então desvendá-las e escolher, se quero ou não,
carregá-las no meu dia a dia.
Tenho meu vocabulário próprio, meus sons e onomatopeias...
tenho minhas palavras fofas e sutis, que uso a torto e a direto, pra fazer do
meu caminho um passeio.
Por outro lado, sinto informar, sinto elas ecoarem fundo, no
meu pensamento. Nem sempre consigo, confesso, mas a maior parte do tempo eu as
escolho. Como conheço esta paleta de cores invisíveis, este peso que balança
nenhuma é capaz de medir, como costumo observá-las mesmo no escuro, elas pra
mim têm uma importância que talvez nem uma longa explicação seja capaz de lhe
esclarecer...
Palavras simples, mas em uma canção, elas te fazem remexer.
Palavras cotidianas, mas em uma poesia, marcam uma geração. Palavras
dissimuladas, mas pra moça desavisada, um coração partido...
Uma vírgula, e tudo vai por água abaixo... Um decibel a
mais, e tudo perde o sentido... Um timbre injusto, e a gota pode transbordar...
Muitas vezes meu refúgio, algumas vezes meu algoz, mas
sempre, e pra sempre, o ponto de partida.
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