quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

ao HC, com carinho

Já se passaram oito anos desde que te conheci... Em um primeiro momento, confesso, você me intimidou... Aos poucos fui entendendo o labirinto que te forma, os caminhos tortuosos que só você tem, suas passagens secretas.
Quando nos conhecemos eu era uma adolescente apaixonada, hoje sou uma mulher completamente entregue. Eu era uma estudante de medicina crua dos pés a cabeça, mas você me ensinou todo o pouco que eu sei... Fez me mim uma médica, uma “doutorinha” cheia de arestas a aparar.
Hoje, com o coração apertado, sinto a partida, sinto a batida, sinto a saudade, e as lágrimas a brotar. Com você eu vivi tanta coisa... Fui criando um amor genuíno pelo ato de clinicar. Nós dois formamos uma dupla quase inseparável. 
Tantas vezes, ao chegar à suas portas, aflita e cheia de receios, ia cruzando seus corredores e sentido um aconchego, era sua atmosfera a me amparar.
Incontáveis vezes, foi dentro de ti, em meio às suas paredes descascadas, onde me refugiei. O mundo lá fora acontecendo e eu e você a dar de ombros, com a nossa cumplicidade de verdadeiros amigos desinteressados.
Sendo o sono o maior dos credores, seu leito era o mais reconfortante, minha ilha, meu casulo, meu cadinho redentor.
Algumas vezes, hei de reconhecer, sofri rasteiras e tropeções... Uns inofensivos, outros nem tanto. Virei meu pé com violência e não pude mais pisar no chão... Foi justamente aí quando você me ajudou a dar o maior dos meus saltos.
De você levo as lembranças de uma transformação lenta e irreversível, levo amigos, levo estórias pra nunca esquecer...
Quero para você, a continuação dessa e de tantas outras estórias, que você ganhe seus 18 tão sonhados andares, suas centenas de leitos novinhos em folha, suas enfermarias cintilantes. Quero que você continue salvando vidas, levando algumas outras, e sendo esse ninho, onde de vez em quando eu possa pousar. 

3 comentários: